Não são poucos os moradores de litoral.

Falo das pessoas que se decidem, em determinado momento de suas vidas, morar na praia.

E não falo de morar no centro das cidades praianas. Falo de morar em casas de veranêio. 

Aquele momento em que o cara se aposenta e decide desacelerar para ver o tempo passar mais lentamente. Diminuir o estresse, ouvir e ver os pássaros com calma e paciência...enfim, tentar dar à vida algum sentido que ainda não conseguiram dar ou apenas mudar um pouco o rumo de suas vidas.

Esses dias peguei um Uber. Eu sei, é sempre história de Uber...mas, fazer o que se é bom conversar com os motoristas e eles (e nós, e todos) são ótima fonte de histórias?

Então, essa é mais uma história de Uber (a Uber vai cobrar royalties?)

Bom, voltemos para a histório. Voltemos ao litoral. Voltemos ao motorista.

Quando entre num Uber, minha primeira pergunta sempre é: no Uber à quanto tempo amigo?

E, dependendo da resposta, e da idade do motorista, vou para um caminho ou para outro.

Dessa vez era um senho de idade. Nitidamente superior à 60. Beirando 70.

Perguntei se estava aposentado. Sim, estava.

Aí rolou o discurso que sempre rola quando o cara gosta de contar suas histórias e, cá entre nós, é difícil encontrar um coroa e motorista de Uber que não seja um bom contador de histórias. Principalmente às suas histórias.

Ele me contou que havia se aposentado há cerca de 5 anos e que decidiu, com sua esposa, ir morar na praia. Imbé.

Disse ter morado cerca de 2 anos e meio. 

Segundo ele, no primeiro ano, tudo de bom. Curtindo o silêncio, os pássaros, o mar...a desaceleração...até que...ficou muito desacelerado.

Começaram a sentir falta de algum movimento. De algum agito.

O cara se aposentar depois de décadas de trabalho e ir para a praia...não pode dar diferente, não é?

Voltaram.

Na volta pensou o que fazer. Ele já havia deixado sua pequena loja de comercio de roupas com seus filhos e eles estavam mandando muito bem.

O que fazer então? Se unir a eles e incomodar a gestão dos filhos como só um bom pai chato sabe fazer? Melhor não...

Uber! Era a solução.

Gostava de estar na atividade, gostava de dirigir e estava curtindo muito o novo trabalho.

Trocamos mais algumas palavras e me despedi desejando muita aceleração para ele, agora, de volta à cidade grande.

Mais uma pequena história de vida de um cidadão comum.

Adoro histórias comuns de cidadãos comuns.

Sou bem comum.

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